Aumento da temperatura, redução de chuvas e seca nos rios são alterações mais recorrentes, aponta pesquisa da CNI.
Percepção sobre gravidade do aquecimento global cresceu de 2022 para 2023
Os brasileiros têm percebido no dia a dia as mudanças climáticas nos últimos anos. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que 91% dos brasileiros notaram alguma alteração na temperatura ou no clima. No cenário nacional, as respostas mais comuns são aumento de temperatura (92%), menos chuvas (66%) e rios mais secos (55%).
Os resultados mudam de acordo com as regiões. No Norte e Centro-Oeste, a redução das chuvas foi percebida por 90% dos entrevistados e a seca nos rios, por 76%. No Sul, por outro lado, 76% apontaram aumento de chuvas e 69% transbordamento de rios.
De modo geral, os brasileiros estão preocupados com as mudanças climáticas. Para 91% o aquecimento global é um problema grave, acima dos 86% que avaliaram o problema desta maneira em 2022. A maioria (61%) acredita que essa é uma questão imediata, que deve ser combatida urgentemente. A percepção, no entanto, é menor (53%) na faixa de 16 a 24 anos.
“Os dados recentes sobre as mudanças climáticas confirmam a importância de acelerarmos as ações voltadas à adaptação e à redução dos impactos de secas, enchentes, ondas de calor e frio intensos e outros fenômenos extremos, que vêm causando enormes prejuízos sociais e econômicos em todo o mundo”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.
“A necessidade de transição para uma economia de baixo carbono, que esteja alinhada com a contenção do aumento da temperatura do planeta dentro da meta do Acordo de Paris é urgente. As mudanças climáticas têm afetado cada vez mais a vida das pessoas e é de interesse coletivo a promoção de um sistema produtivo mais sustentável”, complementa.
Contribuição do Brasil para metas climáticas
A preocupação dos brasileiros também se reflete na avaliação das ações ambientais no país. Para 55%, a conservação do meio ambiente no país é ruim ou péssima e 51% consideram o meio ambiente menos conservado em comparação a outros países.
O desmatamento florestal é visto como a maior ameaça ambiental atual para o Brasil (apontada por 38%), uma queda em relação a 2022 (46%). Em seguida, são citadas mudanças climáticas/aquecimento global (23%) e fumaça e emissão de gases poluentes (22%).
Quanto às prioridades para conservação ambiental, 30% responderam tratamento de água e esgoto, seguido por combate ao aquecimento global/mudanças climáticas (27%) e ao desmatamento (25%). No ano passado, o combate ao desmatamento era o primeiro da lista de prioridades apontadas pela população.
Em relação a ações específicas de promoção da preservação ambiental nos últimos 12 meses, há uma divisão na percepção:
– Atração de recursos de outros países para proteção da Amazônia: 32% acham que melhorou e 22% que pirou;
– Combate ao garimpo ilegal: 32% acreditam que melhorou e 24%, que piorou;
– Combate ao desmatamento ilegal: 30% pensam que melhorou e 33%, que piorou;
– Combate às queimadas: 29% responderam que melhorou e 37%, que piorou.
Expectativas sobre redução de emissões
Também há divergências sobre a expectativa de o Brasil atingir a meta de redução da emissão de gases do efeito estufa: 17% creem que o país atingirá a meta, 37% que não atingirá e 36% acreditam que ela será parcialmente cumprida. O Brasil se comprometeu, junto com os demais países integrantes da COP a reduzir 48% das emissões desses gases até 2025 e 53% até 2030.
Ainda sobre o futuro, 80% acham possível combinar crescimento econômico com proteção do meio ambiente e 61% veem o Brasil como protagonista na economia verde. Os impactos da descarbonização da economia mais citados foram surgimento de novas tecnologias (73%), melhoria da qualidade de vida (68%) e melhores produtos disponíveis no mercado (67%).
“O Brasil tem uma grande vantagem comparativa diante de outros países, mas precisamos trabalhar muito para que esta vantagem se torne vantagem competitiva na transição energética. Assim, poderemos ampliar a matriz preponderantemente de fontes renováveis e a possibilidade de exportar energia. O Brasil tem a oportunidade de ser líder mundial da nova economia verde”, afirma Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da CNI.
A Indústria na COP28
A CNI participa, de 30 de novembro a 12 de dezembro, da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, com a presença de mais de 100 empresários e uma intensa agenda de atividades. Neste ano, a indústria terá, pela primeira vez, estande próprio, onde sedia debates com integrantes do governo, parlamentares, industriais e sociedade civil.
Na COP28, a CNI defende o avanço na implementação do mercado global de carbono, a definição da estratégia de descarbonização da economia e trabalhará na mobilização dos países para o financiamento climático – medidas consideradas necessárias pelo setor para o desenvolvimento da agenda climática.
Metodologia
A pesquisa ouviu 2.021 cidadãos com idade a partir de 16 anos em todas as unidades da Federação. O levantamento foi conduzido pelo Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem, da FSB Holding, entre os dias 18 e 21 de novembro. A margem de erro no total da amostra é de 2 pp, com intervalo de confiança de 95% e a soma dos percentuais pode variar de 99% a 101%, devido ao arredondamento.
Importante: A pesquisa não traz dados por unidade da Federação, apenas por região (Norte e Centro-Oeste estão agregados).
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